
Agosto com filhos e calor: como cuidar de si quando tudo gira em torno dos outros?
Agosto é um campo de batalha invisível.
Fala-se de férias. De descanso. De praias cheias e gelados a pingar. Mas para quem educa sozinha, agosto é outra coisa. É logística. É cansaço acumulado sem folga. É calor pegajoso com crianças às voltas no sofá. É querer parar — e não poder. É sentir que tudo gira em torno dos outros. E não haver centro onde pousar.
Neste artigo, não prometemos soluções milagrosas. Prometemos apenas verdades pequenas. Pequenos resgates possíveis. Formas reais de continuar a existir — mesmo quando parece que desapareceu dentro da rotina dos outros.
Este texto é para si, que faz tudo. Que aguenta tudo. E que, mesmo assim, precisa de se lembrar que também é gente.
1. Autocuidado não é egoísmo. É manutenção da dignidade.
Cuidar de si não é luxo, nem capricho. É necessidade básica. É o equivalente emocional a pôr combustível no carro: sem isso, não vai a lado nenhum. E ninguém quer uma mãe ou um pai a solo em ponto de rutura.
A exaustão não é sinal de bravura. É sinal de negligência invisível — a sua.
Pare. Respire. Pergunte-se: o que me faz falta HOJE? Não é o que gostaria num mundo ideal. É o que, com honestidade, pode fazer já, neste mundo imperfeito.
2. Rotinas mínimas para sobreviver ao verão (sem se apagar)
Sabemos: o tempo é curto. A paciência também. Mas há gestos pequenos que funcionam como âncoras.
Experimente isto:
- Hora do nada. Literalmente. Cinco minutos. Sem telemóvel, sem exigências. Só estar.
- Um prazer só seu. Pode ser um gelado na varanda, um café bebido devagar, um banho mais demorado depois das crianças dormirem. Coisas simples, mas feitas de propósito.
- Sol como remédio. Mesmo que seja só sair à porta e sentir o calor na pele. A vitamina D não cura tudo, mas ajuda.
- Rotina-luz. Uma frase ao acordar. Uma música que ponha todos a dançar. Um chá no fim do dia. Pequenos rituais que dizem: “estamos vivos”.
3. E se não der mesmo para parar?
Há dias em que o caos vence. Em que não se consegue sequer ouvir os próprios pensamentos. Nesses dias, o autocuidado é invisível — mas não menos real.
Quando não pode sair do lugar, entre para dentro.
Feche os olhos 60 segundos. Respire fundo. Ponha uma música suave. Beba água. Repare no som do que a rodeia. Pequenos gestos que dizem: ainda sou eu aqui dentro.
O cuidado começa no reconhecimento. E às vezes, o que mais precisamos é apenas que alguém veja a nossa exaustão e diga: “entendo”.
4. Agosto não precisa de ser heróico. Precisa de ser habitável.
Este verão, não se exija mais. Exija antes mais amor. Mais presença. Mais compreensão. Mais leveza.
Permita-se sentir o que sente. Chorar se for preciso. Rir quando der. Gritar para dentro. Pedir ajuda. Não fingir força onde há dor.
Ser mãe ou pai a solo não é falhar metade. É fazer inteiro, sozinho. E isso é imenso.
O Movimento Mães Únicas existe para si.
Para lembrar que não está sozinha/o. Para lhe dar abrigo emocional em dias de tempestade. Para oferecer palavras, recursos, comunidade. Para que possa continuar — sem se perder.
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